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segunda-feira, 10 de julho de 2017

1932 oitenta e seis anos depois

Democracia, meritocracia, competência, superação, respeito à lei, ao próximo e a valores maiores que fazem e viabilizam uma nação


A Revolução de 1932 não acabou. A afirmação pode soar um pouco estranha, na medida em que a maior parte dos brasileiros, em 2018, não sabe o que foi o movimento nem as razões que levaram o Estado de São Paulo a se levantar em armas, numa luta desigual com o restante do Brasil. 
Esse esquecimento não é culpa de 1932. É culpa do Brasil que apaga da sua história os movimentos e personagens que dignificam a nação, dão estrutura para a sociedade e servem de exemplo para as novas gerações.
1932 não é exceção à regra. Ao contrário, dadas suas principais características, o movimento paulista, tão logo explodiu, foi distorcido e chamado de separatista pela ditadura no intuito de desmoralizar São Paulo diante dos demais Estados, como ferramenta para isolá-lo do restante do País e permitir sua subjugação rápida pela ação integrada do Exército e das polícias estaduais.

Além disso, terminada a guerra, três meses após a marcha inicial dos paulistas em direção ao Rio de Janeiro para tentar derrubar a ditadura de Getúlio Vargas, o governo federal e os movimentos de esquerda, notadamente os comunistas, começaram a solapar os fatos e apagar a história, porque, antes de tudo, a Revolução de 1932 foi um movimento nascido no seio da burguesia, que recebeu imediatamente o apoio de toda a população do Estado para se implantar os valores democráticos, prometidos e rapidamente destruídos pela Revolução de 1930, que traiu os ideais de boa parte de seus idealizadores e empossou Getúlio Vargas como ditador.
Da mesma forma que não acabou, a Revolução de 1932 não nasceu no dia 9 de julho daquele ano. O início da história retroage à segunda metade do século 19, quando a imigração europeia arejou a visão político-social do Estado e a força criadora dos paulistas encontrou parâmetros, objetivos e sonhos novos para direcioná-la – e a sua capacidade de gerar riquezas – a um padrão socioeconômico inédito no Brasil.
Enquanto o País seguia na sua toada de senhor de escravo, já sem escravo, São Paulo enveredava pela trilha da modernidade e do empreendedorismo, com os vastos recursos do café sendo investidos em atividades novas, em empresas com tecnologias e produtos desconhecidos até então, trazidas pelos imigrantes, boa parte deles com habilidades intelectuais e profissionais desconhecidas no Brasil.
Assim, o parque industrial paulista começa a tomar forma, inicialmente com base na indústria têxtil, indispensável para a confecção da sacaria para o café, e, depois, rapidamente se expandindo para outras áreas, de alimento a maquinário pesado.
O salto tecnológico traz o salto social. A cidade de São Paulo entra na sua corrida desenfreada para se transformar na “Cidade que Mais Cresce no Mundo”. As escolas se aprimoram, novos cursos são abertos, o ensino público é da melhor qualidade, o atendimento à saúde vê surgir as majestosas instalações da Santa Casa, o interior é beneficiado pelo progresso, com as principais cidades oferecendo condições de vida equivalentes às da capital, e o Porto de Santos se torna o mais importante e moderno do País.
A Revolução de 1930 leva à ruptura da ordem política, coloca Getúlio Vargas como ditador e, por erro de visão, entrega São Paulo aos chamados “tenentes”, que não tinham a menor noção do que acontecia no Estado, mas não queriam São Paulo na condição de liderança em que estava fazia mais de 50 anos.
1932 começa a tomar forma neste momento. Os paulistas se sentem ameaçados pela postura dos “tenentes” e reagem como podem. Sem serem ouvidos, começam a se manifestar nas ruas, nas agremiações, nos jornais, etc. O movimento toma vulto, empurrado por ações equivocadas adotadas em relação à administração do Estado.
Ao se sentir realmente desprezada, a população, puxada pela burguesia, acelera os protestos, até a situação atingir um patamar insustentável, que deságua no movimento armado de 9 de julho de 1932. Em outubro, São Paulo foi derrotado no campo de batalha. Parte importante de suas lideranças foi exilada. O Estado foi militarmente ocupado. 
Mas Getúlio Vargas era um homem inteligente, com um projeto de industrialização para o Brasil. A única forma de realizá-lo era por meio dos paulistas. Em 1933, nomeia Armando de Salles Oliveira Interventor no Estado, anistia os exilados e se aproxima, com Roberto Simonsen, dos industriais paulistas.
Em 1934, São Paulo dá ao Brasil a Universidade de São Paulo. Muito mais importante do que a Constituição votada naquele ano ou mesmo do que todas as demais constituições que vigoraram no Brasil, a USP começa a formar líderes políticos e empresariais com cultura, preparo e capacidade profissional muito acima do que se via até então.
De lá até os dias de hoje, os ideais da Revolução de 1932 imprimiram cada vez com mais força sua marca na vida nacional. Foi e continua sendo uma trajetória acidentada e difícil, mas o estado democrático de Direito que o País vive desde meados dos anos 1980 mostra sua vitalidade, inclusive neste momento dramático da vida nacional, quando os valores do Brasil arcaico ameaçam retardar o progresso social da nação.
1932 quer dizer democracia, meritocracia, competência, capacidade de ação e de superação, entrega, respeito à lei, ao próximo e aos valores maiores que fazem e viabilizam uma nação. Por isso, a Revolução de 1932 está mais viva do que nunca no peito de todos os brasileiros indignados com o que fizeram com o País.
FONTE: Antonio Penteado Mendonça *, O Estado de S.Paulo
09 Julho 2017 | 03h00

Tributo familiar no desfile dos 86 anos

Batalhão mirim e soldadinhos da Polícia Militar fazem homenagem ao movimento MMDC


Um batalhão mirim, com 45 crianças e adolescentes da Sociedade MMDC, de veteranos de 1932, mais um contingente de mais 60 a 70 soldadinhos da Polícia Militar participarão hoje do Desfile de 9 de Julho, no Parque do Ibirapuera, na comemoração do aniversário de 86 anos da Revolução Constitucionalista. MMDC é a sigla formada pelos nomes dos quatro jovens – Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo – mortos em 23 de maio, em um tiroteio no centro da cidade. 
“Nosso exército desfilará com fardas iguais às usadas pelos combatentes, para lembrar a história ainda recente da revolta de São Paulo contra a ditadura de Getúlio Vargas, pois compete a nós, a geração atual, manter a memória do que ocorreu e não deixar que se percam os valores pelos quais os paulistas lutaram”, disse a advogada Sílvia Regina Giometti Luz Magalhães, responsável pela arregimentação dos participantes na MMDC.
No batalhão Mirim da Sociedade MMDC, quase todos são netos ou bisnetos de veteranos de 1932. Foto: Alex Silva
Os meninos foram treinados na Escola Superior de Sargentos da Polícia Militar, Sargento Roselin Dias. Acompanhados dos pais, receberam o fardamento, assistiram a um vídeo sobre a Revolução de 32 e ouviram uma breve explicação sobre o movimento. Quase todos são netos ou bisnetos de veteranos. No desfile do ano passado, nove crianças e adolescentes marcharam ao lado de adultos. “Temos agora o maior número de participantes”, informou Sílvia Magalhães. 
Provavelmente nenhum veterano ex-combatente comparecerá este ano ao Ibirapuera. “Temos apenas 19 sobreviventes, se não tiver morrido mais alguém”, observou o coronel reformado Mário Ventura, de 80 anos, presidente da Sociedade MMDC. Da lista de veteranos, constam ex-combatentes da antiga Força Pública (atual Polícia Militar), todos com mais de 104 anos, e civis que serviram como escoteiros, ainda adolescentes, para entrega de correspondência às famílias dos soldados.
Um dos veteranos, coronel Irany Paraná do Brasil, de 104 anos, escreveu em 2005 o livro 1932 – A Guerra de São Paulo, no qual conta a sua experiência na luta e interpreta os fatos que provocaram a Revolução Constitucionalista, à qual aderiu aos 18 anos. 

O batalhão mirim e os soldadinhos da Polícia Militar fazem homenagem ao movimento MMDC. Foto: Alex Silva
“Muitos perguntam que guerra foi aquela entre irmãos... Perguntamos a nós mesmos e respondemos: não, de nada valeu aquele sacrifício”, escreveu o coronel em 2005, ao citar um comentário do historiador Hélio Silva sobre a necessidade de se analisar a guerra paulista e suas consequências com base em depoimentos de personagens que dela participaram. Foi o que fizeram outros historiadores que estudaram o episódio, entre eles Hernâni Donato (A Revolução de 32), Antônio Carlos Pereira (Folha Dobrada), José Alfredo Vidigal Pontes (1932, o Brasil se Revolta), Marco Antonio Villa (Imagens de uma Revolução) e Carlos Daróz (Um Céu Cinzento, a História da Aviação na Revolução de 1932).
“A Revolução de 1932 é um dos episódios menos conhecidos da história recente do Brasil, apesar de haver sobre o assunto vasta literatura”, afirma o jornalista Antônio Carlos Pereira, na Introdução de Folha Dobrada, publicado em 1982. Editor de Opinião de O Estado de S. Paulo, ele descreve o engajamento do jornal e de seus proprietários, a família Mesquita, na guerra contra o presidente Getúlio Vargas, que haviam apoiado em 1930. O movimento de oposição não foi só da oligarquia e dos barões de café, como alguns analisam, mas da maioria do povo paulista, com apoio da Força Pública, que logo aderiu à revolta. Nem foi um movimento separatista – como afirmavam os adversários.
A revolta uniu políticos, empresários, militares e milhares de voluntários. As elites se mobilizaram pelo Partido Republicano Paulista (PRP), em aliança com o Partido Democrata. A chegada de Vargas ao poder acabou com a política do café com leite, pela qual paulistas e mineiros se revezavam no governo. São Paulo, o Estado mais rico da federação, perdeu espaço no cenário nacional e aliou-se a Minas e ao Rio Grande do Sul contra a incipiente ditadura, quando Vargas dissolveu o Congresso e as assembleias estaduais. 
84 dias. Os paulistas decidiram pela luta armada. A deflagração estava marcada para 14 de julho, mas foi antecipada para o dia 9, por causa do risco de traição. A convocação para a luta atraiu, em dois dias, cerca de 50 mil voluntários. A guerra durou 84 dias, de 9 de julho a 2 de outubro. Sob o comando do general Isidoro Dias Lopes, veterano da Revolução Paulista de 1924 contra Artur Bernardes, o general Bertoldo Klinger foi nomeado chefe das operações e o coronel Euclydes Figueiredo assumiu a Frente Norte, no Vale do Paraíba.

São Paulo inscreveu mais de 200 mil voluntários, mas só uns 30 mil ou 40 mil tinham condições de lutar. As forças federais ultrapassaram 300 mil soldados. As baixas foram enormes. Marco Antonio Villa fala em 634 mortos constitucionalistas, enquanto Hernâni Donato calculou mais de mil.
A imprensa paulista apoiou e incentivou o movimento até o fim. Apesar de consecutivos revezes, os jornais informavam que os constitucionalistas iam vencer. “O Exército da lei mantém valentemente as suas posições”, dizia a manchete do Estado, em 29 de setembro, quatro dias antes da rendição. Julio de Mesquita Filho, que lutava na linha de frente do Vale do Paraíba, ao lado de seus irmãos Francisco e Alfredo Mesquita, protestou, com outros líderes civis, quando o general Klinger propôs o armistício e se rendeu ao poder central, no dia 2 de outubro. Os civis acreditavam que São Paulo ainda teria condições de virar o jogo. Não tinha.
Motivos da derrota. Historiadores e analistas militares apresentam três motivos para a derrota da Revolução Constitucionalista: a precariedade de armamentos, o fato de o general Klinger não ter trazido de Mato Grosso, onde era comandante, os homens prometidos (desembarcou na Estação da Luz com 10 subordinados) e o fato de o coronel Euclydes Figueiredo não ter avançado logo para o Rio. O coronel estacionou tropas em Cruzeiro, à espera de reforços mineiros e gaúchos. Foi um erro: Minas e Rio Grande do Sul aderiram às tropas federais de Getúlio Vargas.
Presos após a derrota, os principais líderes da Revolução foram deportados para Portugal. Eram 48 oficiais do Exército, 3 da Força Pública e 53 civis, entre os quais Julio de Mesquita Filho, Francisco Mesquita, Paulo Nogueira Filho, Pedro de Toledo, Antônio Mendonça e Guilherme de Almeida. Voltaram em 1933, com a anistia decretada por Getúlio. “Entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 1932”, afirmou o presidente, ao nomear interventor o paulista Armando de Salles Oliveira, depois eleito governador pela Assembleia. Em 1934, o País ganhou Constituição e liberdade que durou pouco tempo, até 1937, quando o Estado Novo reinstalou a ditadura. Os revolucionários constitucionalistas consideraram que tiveram uma vitória política em 1932, apesar da derrota militar. 
FONTE: José Maria Mayrink, O Estado de S.Paulo
09 Julho 2017 | 03h00

Rebeldes de 32 pediram aviões aos EUA

Conforme registro do Itamaraty, no Rio, grupo chegou a pagar cerca de R$ 825 mil

 por 6 aeronaves; ministério de Getúlio impediu entrega






Sem armamento suficiente nem condições de adquirir material bélico em solo brasileiro para lutar contra o governo provisório de Getúlio Vargas, os rebeldes de São Paulo tentaram comprar seis aviões de guerra nos Estados Unidos em 1932, que entrariam no País via Bolívia. Em uma ação ousada, que contou com o auxílio de um tenente e um major norte-americanos, os revolucionários paulistas chegaram a pagar US$ 250 mil (o que hoje seriam R$ 825 mil) pelas aeronaves. Elas não foram entregues: o negócio foi interrompido graças a uma intervenção do Departamento de Estado americano, a pedido do Ministério das Relações Exteriores (MRE) de Vargas.
O plano foi relatado em comunicado sucinto enviado pelo MRE, do Rio, então capital federal, a seu embaixador em Washington, Rinaldo Lima e Silva, datado de 3 de setembro de 1932. Classificada como confidencial e tendo como assunto “Situação política interna”, a mensagem dizia (com grafia atualizada pela reportagem): “O Ministério da Guerra informa que os revolucionários de São Paulo procuram adquirir neste país seis aviões Curtiss, que devem vir via Bolívia. Renovamos a recomendação para que essa embaixada exerça a maior vigilância, a fim de evitar qualquer aquisição de material bélico para os rebeldes.”
Correspondência trocada por Brasil e EUA sobre tensão causada por conflito de 1932 está em volumes encadernados no Arquivo do Itamaraty, no Rio de Janeiro, e podem ser consultadas pelo público mediante agendamento Foto: Fabio Motta
Sozinhos, sem o apoio de insurgentes de outros Estados – os constitucionalistas do Rio, Minas e Rio Grande do Sul haviam sido presos ou derrotados –, os revoltosos paulistas tinham dificuldades de se armar. Recorreram à fabricação de artefatos improvisados, como explosivos, e o uso de engenhocas, como a matraca, feita de madeira e dotada de manivela, que produzia som semelhante ao de metralhadora, e tinha como objetivo assustar o oponente, retardando seu avanço no solo.
Entre milhares de documentos da diplomacia nacional, a comunicação Rio-Washington sobre a tensão provocada pela Revolução de 1932 está guardada em volumes encadernados e meticulosamente organizados pelo Arquivo Histórico do Itamaraty, no Rio. Tudo pode ser consultado pelo público, mediante agendamento.
A correspondência mostra que os contatos clandestinos Brasil-EUA eram feitos de uma estação telegráfica em Nova Jersey. Intermediada pelo tenente Lee Wade e pelo major Fleet, do Exército americano, que integrantes da “contrarrevolução” conheceram em passagem deles por São Paulo, a tentativa de aquisição das aeronaves denota a audácia de São Paulo no seu esforço de guerra. “Eles tinham muito pouco equipamento contra todo o poderio do Ministério da Guerra, e estavam sendo bombardeados, daí o desespero para ter aviões e armas modernas. Contavam que seria um movimento nacional, mas tudo acabou restrito a São Paulo”, lembra o historiador Marco Antônio Villa, autor do livro 1932: Imagens de uma Revolução (Imprensa Oficial de São Paulo).
As aeronaves não poderiam entrar no Brasil pela Região Sudeste (o Rio estava sob domínio de forças federais e Santos estava sitiada pelo mar e pelo ar), o que exigiria operação arriscada. Elas chegaram a ser parcialmente pagas com depósitos no Citibank em favor da Consolidate Air Craft, de Nova York. Quando a empresa foi alertada de que os compradores eram insurgentes brasileiros, cancelaram as tratativas. A posição oficial de Washington em relação ao levante em São Paulo era de neutralidade, no entanto, em nome do bom relacionamento bilateral, o Departamento de Estado dos Estados Unidos mandou mensagens tranquilizadoras a Lima e Silva sobre a empreitada rebelde. 
Mesmo desejo. Em pleno julho daquele ano, o governo Vargas também tratara de importar aviões para se fortalecer contra os rebeldes. Sem conflitos externos, a força aérea do Exército era obsoleta, datada ainda do início do século. Não havia sido criada a Força Aérea Brasileira (FAB) – o que aconteceu só em 1941. 
O desejo brasileiro foi expresso em telegrama confidencial do dia 15 de julho do MRE ao embaixador nos Estados Unidos, com a marca de urgente. “O governo brasileiro desejaria adquirir urgentemente aviões militares americanos do último modelo em uso nas forças aéreas desse país. O Ministério da Guerra informa que esse modelo é secreto. Não obstante desejamos que Vossa Excelência procure informações, se possível, sobre preços e especificações e facilidades para vinda imediata.” 
Na mesma mensagem, no entanto, o governo buscava passar serenidade acerca da turbulência interna à sua missão diplomática nos Estados Unidos: “Situação aqui perfeitamente tranquila, mantendo o governo o cerco aos rebeldes e procurando dominá-los com o menor sacrifício material e de vidas.”
O fluxo de mensagens com esse conteúdo foi intenso nos dias seguintes, demonstrando a apreensão do ministério de Vargas. No dia 18 de julho, em caráter “urgentíssimo”, seguiu novo telegrama, que especificava a encomenda: “cinco Boeings com motor Hornet e dez aviões Vought-Corsair com motor Hornet ou então cinco aviões Hawk com motor Wright-Cyclone e dez aviões Helldrives com motor Wright-Cyclone”, “novos e inteiramente equipados com o equipamento militar americano”. 
Ainda em julho, também foram feitos pedidos pelo Ministério da Guerra às fábricas Waco Aircraft Company Troy, do Estado de Ohio, e Colt Patent Fire Arms, em Connecticut, de metralhadoras de aviação, cartuchos e outros materiais bélicos. Todos com requisição expressa de facilitação no embarque para o País.
Foi requerido, até mesmo, que as forças armadas americanas abrissem mão dos próprios aviões, ainda em processo de fabricação, “como prova de amizade” – tamanha a premência do cenário brasileiro. Uma comunicação de agosto confirma que foram adquiridas 28 aeronaves. Mas os registros não informam se foram efetivamente utilizadas contra os insurretos. A brevidade da revolução indica que não.
Fonte: Roberta Pennafort, O Estado de S.Paulo
09 Julho 2017 | 03h00

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Antonieta de Barros, a primeira mulher negra eleita deputada no Brasil


 

Para que possamos superar nossos pobres hábitos e irmos além de vícios e preconceitos, é sempre preciso que alguém tenha a coragem do primeiro gesto – para enfrentar, muitas vezes na solidão do próprio destemor, aqueles que insistem em querer manter o mundo em um passado excludente que não cabe mais, não pode mais caber, em tempo algum. Para alguém que não é de Santa Catarina, o nome Antonieta de Barros pode soar completamente inédito. Mas se temos qualquer apresso por igualdade de gêneros, racial, liberdade de expressão, pela educação como um meio de mudar e melhorar nossa realidade, conhecendo-a ou não ela também é nossa heroína.

Nascida em 11 de julho de 1901, Antonieta surgiu junto com um novo século, em que as desigualdades de oportunidade e de direitos teriam de ser revistas e transformadas a qualquer custo. E não foram poucas as barreiras superadas: mulher, negra, jornalista, fundadora e diretora do jornal A Semana (entre 1922 e 1927), Antonieta teve de impor seu lugar e sua fala em um contexto nada afeito às opiniões e à força feminina – coragem essa que viria lhe catapultar à condição de primeira mulher deputada do estado de Santa Catarina, e à primeira deputada estadual negra do Brasil.

 Florianópolis no início do século XX

Filha de uma lavadeira e escrava liberta com um jardineiro, Antonieta nasceu 13 anos somente após o fim da escravidão no Brasil. Muito cedo se tornou órfã de pai, e sua mãe então, para ampliar o orçamento, transformou a casa em uma pensão para estudantes em Florianópolis. Foi através dessa convivência que Antonieta se alfabetizou, e assim começou a entender que, para se libertar do destino nada generoso reservado às jovens negras, seria preciso o extraordinário, e assim conseguir escavar um outro caminho para si. E, na época como ainda hoje, o extraordinário reside na instrução. Pela educação que Antonieta pôde libertar-se também da escravidão social que naturalmente lhe era imposta, apesar da abolição. Cursou regularmente a escola e o curso normal até se formar professora.


 Antonieta entre colegas intelectuais e acadêmicos

Em 1922 fundou o curso de alfabetização Antonieta de Barros, em sua própria casa. O curso seria dirigido por ela, com austeridade e dedicação que lhe faria conquistar respeito até entre as mais tradicionais famílias brancas da ilha, até o fim da sua vida, em 1952. Por mais de 20 anos colaborou com os principais jornais de Santa Catarina. Seus ideias foram compilados no livro Farrapos de Ideias, que assinou com o pseudônimo de Maria da Ilha. Antonieta nunca se casou.
 As alunas do curso de Antonieta, com a professora em destaque

O Brasil em que Antonieta se formou educadora, fundou um jornal e ministrou um curso alfabetizante era um país em que mulheres não podiam sequer votar – direito que só se tornou universal por aqui em 1932. Supor a coragem exigida para que, em contexto como esse, uma mulher negra publicasse o seguinte parágrafo assombra e inspira: “A alma feminina se tem deixado estagnar, por milhares de anos, numa inércia criminosa. Enclausurada por preconceitos odiosos, destinada a uma ignorância ímpar, resignando-se santamente, candidamente, ao deus Destino e a sua congênere Fatalidade, a Mulher tem sido, de verdade, a mais sacrificada metade do gênero humano. Tutelada tradicional, irresponsável pelos seus atos, boneca-bibelot de todos os tempos".

 Antonieta sentada entre seus colegas parlamentares, no dia de sua posse em 1935

É também espantoso e profundamente sintomático sobre o próprio Brasil que as três causas da vida e luta de Antonieta (e, nesse caso, vida e luta são uma coisa só) permaneçam pautas centrais, ainda a serem alcançadas: educação para todos, valorização da cultura negra e emancipação da mulher. A própria campanha de Antonieta, em 1934, mostrava claramente com quem falava a candidata, e o tipo de enfrentamento exigido para que uma mulher negra pudesse sonhar em ser aquilo que, para os homens brancos, era oferecido como um futuro acessível: “Eleitora. Tens em Antonieta de Barros a nossa candidata, o símbolo das mulheres catarinenses, queiram ou não os aristocratas de ontem”. A ditadura do Estado Novo viria a interromper seu mandato como deputada, em 1937. Dez anos depois, em 1947, porém, ela seria novamente eleita.


Reconhecimento

Mesmo que já se tenha ouvido falar em Antonieta, a verdade é que o próprio cabimento de tal questão aponta certo absurdo ainda fatal sobre a natureza do Brasil como um todo. Pois para um Brasil livre e igualitário, Antonieta de Barros tem de ser nome tão comum e repetido quanto (ou muito mais do que) Duque de Caxias, Marechal Rondon, Tiradentes ou todos os presidentes ditatoriais que seguem batizando ruas e escolas pelo país.

 A ativista americana Rosa Parks

Peguemos o exemplo de Rosa Parks, a ativista norte-americana que, em 1955, recusou-se a ceder o lugar para um passageiro branco no ainda segregado estado do Alabama. Rosa foi presa, mas seu gesto terminou por disparar uma sucessão de revoltas e resistências por parte do movimento negro que levaria ao grande levante pelos direitos civis (conquistando o fim da segregação e a igualdade de direitos no país) e tornaria seu nome imortal.

 Rosa Parks detida, em 1955

A quantidade de prêmios e homenagens recebidas pela ativista (assim como de ruas, prédios públicos e monumentos batizados com seu nome) é incalculável, e não só nos EUA; o esforço por torna-la símbolo incontornável do movimento social e da luta pela igualdade de direitos é, em certa medida, um mea culpa possível, realizado pelos próprios EUA, a fim de reparar um pouco ao menos o horror capitaneado pelo governo contra a população negra, apesar da ainda intensa desigualdade que reina por lá (e que a possível eleição de um Donald Trump não venha a contrariar essa impressão).




Pois o país que pretendemos construir no futuro é proporcional ao lugar em que colocamos nosso verdadeiros heróis e heroínas do passado – ou nem isso: o futuro do país é equivalente à qualidade de quem consideramos herói ou heroína em nossa história. Antonieta não viveu para ver um país melhor redimir sua luta e o próprio valor da educação, do negro e da mulher na sociedade brasileira.





A voz de uma mulher como Antonieta precisa em muito ser elevada. Toda e qualquer conquista civil, desde então e para o futuro, serão também necessariamente frutos de sua luta, pois, em suas próprias palavras, “Não será a tristeza do deserto presente que nos roube as perspectivas dum futuro melhor (..), onde as conquistas da inteligência não se degenerem, em armas de destruição, de aniquilamento; onde os homens, enfim, se reconheçam fraternalmente. Será, contudo, quando houver bastante cultura e sólida independência entre as mulheres para que se considerem indivíduos. Só então, cremos existir uma civilização melhor.”



© fotos: divulgação

sábado, 18 de fevereiro de 2017

COSA NOSTRA: Maior Máfia Italiana

  
A história da Cosa Nostra pode ser dividida em quatro fases. A primeira, inicia-se quando o rei de Nápoles editou um Decreto, em 1812, para eliminar as “forças populares”, que haviam surgido no Sul da Itália, mas, principalmente, para diminuir o poder que surgia na Sicília. Os Senhores Feudais, para resistir a tal decreto, contrataram indivíduos, chamados de “homens de honra”, criando assim uma espécie de sociedade secreta que se denominaram “Máfia”. Essa fase não é ainda um período mafioso, propriamente dito, mas um período pré-mafioso.
A segunda fase inicia-se com o desaparecimento do Reino de Nápoles, quando essas sociedades secretas passaram a lutar contra as dinastias espanholas e francesas, que sucederam ao trono de Nápoles. A Máfia deixou de ser uma sociedade secreta e se tornou uma sociedade de resistência aos invasores. O povo simpatizou com a Máfia por ser patriótica.
Passou a contar com mais de 100 mil camponeses que se insurgem contra Roma, surgindo a cultura do estresse entre as famílias, gerando hostilidade nas relações adversas que surgiam fazendo com que a defesa da honra significava sobrevivência.
A única base de lealdade era a sanguínea e criou-se a cultura da obediência às regras próprias, quais sejam, a não cooperação com as autoridades e a retaliação a qualquer ofensa a um membro da família.
Essa fase foi de uma “máfia agrária” cuja principal luta foi contra os proprietários de terras que se concluiu somente com a derrota dos movimentos camponeses e com o forte fluxo migratório, quando a agricultura cedeu espaço ao setor produtivo.
Com a miséria que abate a região sul da Itália, no final do século XIX e início do século XX, os mafiosos viajam pela Itália em busca de melhores condições de vida. Mais pobres e rejeitados, se organizam em uma sociedade de autodefesa e criminalizam-se. Para o povo, a máfia era um grupo de camponeses violentos, de “sangue quente” que comumente faziam desafios com final de homicídios. Acontece que, desde 1890, a máfia já era uma sociedade organizada e dotada de poder político com ações internacionais, fraudes e com manobras financeiras.

O aumento da renda permitiu o fortalecimento da sede na Sicília e a diversificação das atividades ilegais realizadas pela máfia.
A terceira fase surge com a instalação de parte da sociedade nos Estados Unidos da América, formando as famílias italianas da América. As famílias eram compostas de parentes, incluindo os norte-americanos e suplementadas por pessoas conhecidas por amigos, que eram indicadas por parentes.
Essa fase é urbano-empreendedora, até o final da década de 1960, em que os mafiosos proliferam-se e se inserem especialmente no setor da construção civil.
A quarta e última fase tem seu início na década de 1970 quando se observa a transformação da “máfia-empreendedora” em “máfia-financeira”. Em um primeiro momento, a Cosa Nostra possuía como grande negócio o contrabando de cigarros e a corrupção em obras públicas. Posteriormente, o principal negócio se tornou o tráfico de entorpecentes.
Os mafiosos, entre os anos de 1940 e 1990, passaram a controlar as eleições na Sicília, adquirindo, assim, certo poder junto à Roma.
A Cosa Nostra se tornou a maior e mais poderosa Máfia, com aproximadamente 180 clãs.
Dois meses depois de Falcone, à esquerda, ter sido assassinado,
 outro juiz anti-máfia, Paolo Borsellino, foi morto num atentado
Através do trabalho sério de autoridades, especialmente do Juiz Giovanni Falcone e do Procurador Paolo Borsellino, ambos assassinados, posteriormente, por membros da máfia, foi descoberta a estrutura mafiosa, que é a seguinte:
A família é a base da organização e controla um bairro ou uma cidade inteira, sendo constituída de homens de honra, “soldados”, agrupados em número de dez. Cada grupo é coordenado por um “capodecina”. Os membros da família elegem o Capo-Família que é assistido por um “Consigliere”, ou seja, assessor. Este é, normalmente, uma pessoa de notável esperteza, sagacidade e é auxiliado por vicecapi (subchefes).
A união de três ou mais famílias, cujas áreas de atuação sejam contíguas, constitui um “mandamento” e nomeiam um “capomandamento”, normalmente um Capo-Família, mas pode ser uma pessoa diferente.
Os capomandamenti constituem uma estrutura colegiada, chamada de “Copola”, que possui a função de garantir as regras da Máfia e de “compor as vertentes da Família” (MENDRONI, 2009, p. 295). A “Copola” é presidida por um dos capimandamento que é chamado de Secretário ou Capo.
Existe, ainda, um colegiado superior, chamado interprovinciale, mas que pouco se sabe acerca do mesmo, mantendo um caráter secreto e misterioso.
Uma das características mais marcantes da Cosa Nostra é que ela se assemelha a um Estado, uma vez que exerce domínio territorial e “taxa” as suas atividades de “proteção”. Aqueles que pagam à Máfia recebem proteção. Os que não pagam, são intimidados e agredidos pelos membros da Cosa Nostra.
Além disso, a ingerência no Estado também é muito marcante, através de subornos e corrupção da máquina estatal.
“A Cosa Nostra, segundo um levantamento da Direzione Centrale della Polizia Criminale de 1995, contava com 5.487 integrantes na Sicília, sendo maior a quantidade no eixo Palermo – Catânia. Palermo teria 59 grupos com 1.492 afiliados e Catânia nove grupos com 1.476 afiliados; sendo os demais distribuídos entre Trapani, Messina, Agrigento e Siracusa” (DI CAGNO apud MENDRONI, 2009, p. 303).
Juiz Giovanni Falcone

Fonte: Rafael de Rezende Lara

http://www.domtotal.com

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Zygmunt Bauman (1925 - 2017)


O emérito sociólogo polonês Zygmunt Bauman nasceu no dia 19 de novembro de 1925, em Poznán. Ele principiou sua trajetória acadêmica na Universidade de Varsóvia, mas logo foi obrigado a deixar a academia, em 1968, ao mesmo tempo em que sua obra era proibida neste país.
Nascido em uma família de judeus poloneses não praticantes, ele e seus familiares transferiram-se para a União Soviética após a invasão e anexação da Polônia (1939) por forças alemãs e soviéticas (então aliadas nos termos do Tratado Germano-Soviético).
Durante a Segunda Guerra Mundial, Bauman serviu ao Primeiro Exército Polonês, controlado pelos soviéticos, atuando como instrutor político. Participou das batalhas de Kolberg (atual Kołobrzeg) e de Berlim. Em maio de 1945, foi condecorado com a Cruz de Valor. Conheceu sua esposa, Janine Bauman, nos acampamentos de refugiados polacos.

Ao longo dos anos 1940 e 1950, Bauman foi um entusiasmado militante do Partido Operário Unificado Polaco, o partido comunista da Polônia. Segundo o Instituto da Memória Nacional da Polônia, entre 1945 e 1953 Bauman era oficial do Corpo de Segurança Interna (em polonês, Korpus Bezpieczeństwa Wewnętrznego, KBW), uma unidade militar especial formada na Polônia, sob o governo stalinista, para combater os ucranianos nacionalistas insurgentes e os remanescentes do Armia Krajowa, a principal organização da resistência da Polônia à ocupação do país, durante a Segunda Guerra. Mais tarde, entre 1945 e 1948, Bauman trabalhou para a inteligência militar, embora a natureza e a extensão de suas atividades sejam desconhecidas, assim como as circunstâncias sob as quais que ele abandonou tais atividades.
Durante uma entrevista ao jornal The Guardian, Bauman confirmou ter sido um devotado comunista - durante e depois da Segunda Guerra - e nunca ter feito segredo disso. Admitiu que ingressar no serviço de inteligência militar aos 19 anos tenha sido um erro, apesar de só ter realizado tediosas atividades burocráticas e jamais ter dado informações sobre alguém.
Enquanto servia no KBW, Bauman também estudava sociologia na Academia de Política e Ciências Sociais de Varsóvia. Mas, em 1953, já no posto de major, foi subitamente excluído do KBW - e de maneira desonrosa -, depois que seu pai se aproximou da embaixada israelense em Varsóvia, com vistas a emigrar para Israel. Uma vez que Bauman não compartilhava absolutamente das ideias sionistas do pai , sendo, de fato, francamente antissionista, sua demissão causou um severo, embora temporário, distanciamento do pai. Durante o período em que ficou desempregado, decidiu completar seu mestrado e, em 1954, tornou-se professor assistente na Universidade de Varsóvia, onde permaneceu até 1968. Inicialmente, Bauman se manteve próximo à ortodoxia marxista mas, influenciado por Antonio Gramsci e Georg Simmel, tornou-se crescentemente crítico ao governo comunista da Polônia. Passaria então a trabalhar, com outros acadêmicos da Universidade, numa concepção humanista do marxismo. De todo modo, Bauman sempre se declarou socialista e, nos seus últimos anos de vida, dizia que, mais do que nunca, o socialismo é necessário ao mundo.
Submetido a uma crescente pressão política, conectada ao expurgo conduzido por Mieczysław Moczar, chefe do Służba Bezpieczeństwa, o Serviço de Segurança polonês, Bauman renunciou à sua filiação ao Partido Operário Unificado em janeiro de 1968. Os eventos de março de 1968 na Polônia culminaram com um expurgo que levou muitos comunistas poloneses de ascendência judia a sair do país. Bauman, que havia sido demitido da Universidade de Varsóvia, estava entre eles. Para deixar o país, teve que abdicar de sua cidadania polonesa. Primeiramente foi para Israel, para lecionar na Universidade de Tel Aviv. Em 1971, aceitou um convite para ensinar sociologia na Universidade de Leeds. Desde então, seus trabalhos passaram a ser publicados quase que exclusivamente em inglês, e sua reputação cresceu exponencialmente.
Em 2011, durante entrevista concedida ao semanário polonês Polityka, Bauman criticou Israel e o sionismo, dizendo que Israel não estava interessado na paz mas somente em "se aproveitar do Holocausto para legitimar atos inadmissíveis". Comparou o Muro da Cisjordânia aos muros do Ghetto de Varsóvia, onde centenas de milhares de judeus morreram. O embaixador israelense em Varsóvia, Zvi Bar, qualificou os comentários de Bauman como "meias verdades" e "generalizações infundadas."

Pensamento


De acordo com Bauman, nos tempos atuais, as relações entre os indivíduos nas sociedades tendem a ser menos frequentes e menos duradouras. Uma de suas frases poderia ser traduzida, na língua portuguesa, por "as relações escorrem pelo vão dos dedos". Segundo o seu conceito de "relações líquidas", formulado, por exemplo, em Amor Líquido, as relações amorosas deixam de ter aspecto de união e passam a ser mero acúmulo de experiências, e a insegurança seria parte estrutural da constituição do sujeito pós-moderno, conforme escreve en Medo Líquido. Bauman é frequentemente descrito como um pessimista, na sua crítica à pós-modernidade. De fato, enquanto os cientistas, poetas e artistas da mainstream empenham-se na exaltação das virtudes do capitalismo, ele se insere na contracorrente, procurando expor exatamente a face desumana do capital.

Obra

Bauman tem mais de trinta obras publicadas no Brasil, dentre as quais Amor Líquido, Globalização: as Conseqüências Humanas e Vidas Desperdiçadas. Tornou-se conhecido por suas análises do consumismo pós-moderno e das ligações entre modernidade e holocausto.







Referências

  1. Ir para cima «Tempo Social: Entrevista com Zigmunt Bauman»
  2. Ir para cima Morreu Zygmunt Bauman, o teórico da sociedade líquida. Por António Guerreiro. Público, 9 de janeiro de 2017, 18:14]
  3. ↑ Ir para:a b c «Zygmunt Bauman: uma biografia». Colunas Tortas. Consultado em 2015-08-17
  4. ↑ Ir para:a b Piotr Gontarczyk: Towarzysz "Semjon". Nieznany życiorys Zygmunta Baumana Archived 29 August 2013 at the Wayback Machine. "Biuletyn IPN", 6/2006. S. 74-83
  5. Ir para cima Aida Edemarter iam, "Professor with a past", The Guardian, 28 de abril de 2007.
  6. Ir para cima Roman Frister, Polish-Jewish sociologist compares West Bank separation fence to Warsaw Ghetto walls, Haaretz, 1º de setembro de 2011.
  7. Ir para cima «Amor Líquido - Zygmunt Bauman: uma resenha». Colunas Tortas. Consultado em 16 de agosto de 2015
  8. Ir para cima «Medo Líquido - Zygmunt Bauman: uma resenha». Colunas Tortas. Consultado em 2015-08-17