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terça-feira, 23 de agosto de 2016

HISTÓRIA DA AFRICA

Introdução

Nas escolas e nos livros, costumamos estudar apenas a história de um povo africano: os egípcios. Porém, na mesma época em que o povo egípcio desenvolvia sua civilização, outros povos africanos faziam sua história. Conheceremos abaixo alguns destes povos e suas principais características culturais.

O povo Bérbere

Os bérberes eram povos nômades do deserto do Saara. Este povo enfrentava as tempestades de areia e a falta de água, para atravessar com suas caravanas este território, fazendo comércio. Costumavam comercializar diversos produtos, tais como : objetos de ouro e cobre, sal, artesanato, temperos, vidro, plumas, pedras preciosas etc. 

Costumavam parar nos oásis para obter água, sombra e descansar. Utilizavam o camelo como principal meio de transporte, graças a resistência deste animal e de sua adaptação ao meio desértico.

Durante as viagens, os bérberes levavam e traziam informações e aspectos culturais. Logo, eles foram de extrema importância para a troca cultural que ocorreu no norte do continente.

Os bantos

Este povo habitava o noroeste do continente, onde atualmente são os países Nigéria, Mali, Mauritânia e Camarões. Ao contrário dos bérberes, os bantos eram agricultores. Viviam também da caça e da pesca.

Conheciam a metalurgia, fato que deu grande vantagem a este povo na conquista de povos vizinhos. Chegaram a formar um grande reino ( reino do Congo ) que dominava grande parte do noroeste do continente. 

Viviam em aldeias que era comandada por um chefe. O rei banto, também conhecido como manicongo, cobrava impostos em forma de mercadorias e alimentos de todas as tribos que formavam seu reino.

O manicongo gastava parte do que arrecadava com os impostos para manter um exército particular, que garantia sua proteção, e funcionários reais. Os habitantes do reino acreditavam que o maniconco possuía poderes sagrados e que influenciava nas colheitas, guerras e saúde do povo.

Os soninkés e o Império de Gana

Os soninkés habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava organizado em tribos que constituíam um grande império. Este império era comandado por reis conhecidos como caia-maga.

Viviam da criação de animais, da agricultura e da pesca. Habitavam uma região com grandes reservas de ouro. Extraíam o ouro para trocar por outros produtos com os povos do deserto (bérberes).  A região de Gana, tornou-se com o tempo, uma área de intenso comércio.

Os habitantes do império deviam pagar impostos para a nobreza, que era formada pelo caia-maga, seus parentes e amigos. Um exército poderoso fazia a proteção das terras e do comércio que era praticado na região. Além de pagar impostos, as aldeias deviam contribuir com soldados e lavradores, que trabalhavam nas terras da nobreza.

Filmes que retratam aspectos da história da África:

- Kriku e a Feiticeira
  Ano: 1998
  Direção: Michel Ocelot
  Gênero: cultura
  Temática: cultura do povo africano

- Amistad
  Ano: 1997
  Direção: Steven Spilberg
  Gênero: drama histórico
  Temática: viagem dos escravos africanos para os Estados Unidos.

- Hotel Ruanda
  Ano: 2007
  Direção: Terry George
  Gênero: drama
  Temática: genocídio de Ruanda ocorrido em 1994, durante a guerra civil.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

CZARES DA MÁFIA


“Organizações criminosas da ex-URSS estão entre as mais globalizadas do mundo. Juntas, elas movimentam fortunas com extorsão, fraudes, prostituição e tráfico internacional
Tudo aconteceu muito rápido no início de 2008. Semion Mogilevich, o mais notório mafioso da Rússia, deixava o World Trade Center de Moscou num BMW, seguido pelo Jipe de seus guarda-costas, quando foi cercado por 50 policiais. Naquela fria noite de 23 de janeiro de 2008, Mogilevich identificou-se como “o respeitável homem de negócios” Sergei Shneider – um dos 17 pseudônimos usados por esse ucraniano de 61 anos, graduado em economia e procurado pelo FBI por fraude e lavagem de dinheiro. Não houve troca de tiros. O mafioso acendeu um cigarro, comentou sobre o tempo com os policiais e entrou calmamente na viatura.
A prisão de Mogilevich causou estrondo em jornais do mundo todo, que anunciaram um duro golpe contra a temida máfia russa. Mas os especialistas explicam que não é bem assim: homens como Mogilevich pouco têm de “poderosos chefões”, do mesmo jeito que o crime organizado russo não possui a estrutura monolítica, a hierarquia e nem os códigos de honra da máfia siciliana. Afinal, o que é a máfia russa? Quando ela começou e como funciona hoje?
“Máfia é uma forma de crime organizado. Ela existe quando grupos criminosos são capazes de assumir papéis quase governamentais, como a organização de mercados e a resolução de disputas internas”, diz o especialista James Finckenauer, professor da Escola de Justiça Criminal da Rutgers University, nos EUA. “Portanto, dentro do crime organizado russo, só alguns grupos poderiam ser chamados de máfias.” Além disso, não estamos falando de uma única máfia da Rússia, mas de redes criminosas que abrangem todas as repúblicas da extinta URSS.
Nos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), máfias locais controlam a fabricação de bebidas alcoólicas. Na ex-república sovié­­tica da Ucrânia, elas estão envolvidas com a exploração de recursos naturais. No Cáucaso, grupos mafiosos seqüestram e usam o dinheiro do resgate para financiar movimentos separatistas. E na Ásia Central, eles movimentam fortunas com a venda de ópio proveniente do Afeganistão (leia mais no mapa das págs. 56 e 57). É por isso que o FBI prefere chamar esse fenômeno de “crime organizado euro-asiático”. Para simplificar, adotaremos a forma “crime organizado russo” – ou ROC, na sigla em inglês. Uma sigla que virou sinônimo de extorsão, fraude, prostituição, lavagem de dinheiro e tráfico internacional de armas, drogas e seres humanos.
DO CZAR AO COMUNISMO
O crime organizado russo ganhou visibilidade na década de 1990, mas já vinha de muito antes. Suas origens remontam ao século 17, quando boa parte da Rússia imperial era habitada por bandidos comuns. “Como todos os bens pertenciam ao czar, o roubo não era só um crime – era um ato de revolta contra o Estado”, diz o pesquisador Stephen Handelman no livro Comrade criminal (sem tradução no Brasil).
Os bandidos organizaram-se em gangues nos séculos seguintes, mas foi somente após a revolução comunista, em 1917, que eles emergiram no chamado voroskoy mir (mundo do crime). Tratava-se de um exército de milhares de criminosos, com códigos de conduta próprios e cuja aristocracia era chamada de vory v zakone (algo como “ladrões em lei”).
A partir dos anos 30, vários vory foram presos nos campos de trabalho forçado soviéticos, os gulags, onde exibiam uma estrela de 8 pontas tatuada no peito, além de outros desenhos que indicavam o tempo atrás das grades e o poder entre a bandidagem. Ao mesmo tempo, boa parte dos funcionários do governo soviético – a chamada nomenklatura – desenvolveu laços estreitos com o mundo dos ladrões. Enquanto a população sofria com a carência de produtos básicos, membros do Partido Comunista abusavam da corrupção e embolsavam parte dos lucros do mercado negro. “O gigantesco aparato estatal permitia e encorajava o crime, pois também se beneficiava dele”, afirma Finckenauer.
PAÍS DE MAFIOS
Com o colapso da URSS, em 1991, a simbiose entre o submundo e o mundo legal ficou ainda mais evidente. Aproveitando a falta de regras do processo de privatização, grupos de crime organizado apoderaram-se de parte das riquezas das ex-repúblicas, e muitos diretores de estatais tornaram-se oligarcas da noite para o dia. Yulia Tymoshenko, atual primeira-ministra da Ucrânia, virou magnata dirigindo a empresa Yedyni Energosystemy Ukrayiny, que importa gás da Rússia. Ela tinha ligações com o ex-primeiro-ministro ucraniano Pavlo Lazarenko, condenado nos EUA por lavagem de dinheiro e eleito pela Transparência Internacional o 8º líder mais corrupto da história recente.
Em 1994, o presidente Boris Yeltsin declarou que a Rússia era “o país mais mafioso do mundo”, mas os problemas só começavam. Com a desmobilização do Exército Vermelho, muitos militares voltaram-se para o contrabando de armas. E não foi só isso: antigos membros da KGB e das Spetsnaz (unidades de operações especiais soviéticas) passaram a assessorar as gangues sobre inteligência e táticas de ação encoberta. Hoje, é comum ver ex-espiões da KGB, ocupando altos cargos em bancos, realizando as atividades ilícitas que eles costumavam combater.
Apesar de ser menos importante que em países como os EUA, a etnia é outro fator que caracteriza alguns grupos do ROC. Os chechenos, por exemplo, atuam nas máfias Tsentralnaya e Ostankinskaya; já os russos são maioria na Soltsenskaya e na Podolskaya, inimigas das chechenas. Sem falar das máfias de imigrantes ilegais que atuam dentro da Rússia, como chineses, coreanos e vietnamitas.
EMPRESAS BLINDADAS
“A aliança entre a antiga elite do Partido Comunista, membros dos aparatos de segurança e gangues de crime organizado é o elemento mais pernicioso do crime na pós-URSS”, diz Louise Shelley, diretora do Centro sobre Terrorismo, Crime Transnacional e Corrupção (TRACCC) da Universidade George Mason. Como boa parte da economia desses países não é declarada, também fica difícil saber os limites entre negócios legais e ilegais. Mogilevich foi detido junto com Vladimir Nekrasov, dono da empresa de cosméticos Arbat Prestige – que também acabou preso. E por aí vai.
O principal “serviço” prestado pelas máfias russas é a proteção aos empresários. A forma de proteção mais comum é a krysha (telhado), ou seja, a blindagem da empresa contra a infiltração de outros mafiosos. Como disse um criminoso russo em 1996 ante uma comissão do Senado americano: “Você tem de fazer duas coisas para ter sucesso nos negócios em Moscou – pagar os funcionários certos do governo debaixo da mesa e comprar uma krysha”.
É nesse cenário que o presidente russo Vladimir Putin tenta pôr ordem na casa. Ele vem lançando batalhas judiciais contra oligarcas – entre eles o barão do petróleo Yuri Nikitin, que escapou para a Inglaterra, e o magnata da vodca Yuri Shefler. Essas atitudes podem ser entendidas dentro da estratégia maior de Putin de recuperar a hegemonia russa e devolver ao Estado os lucros obtidos com a privatização. Por outro lado, seu regime autoritário não ajuda muito. Várias mortes misteriosas parecem ter as impressões digitais do Kremlin, como a da jornalista Anna Politkovskaya e a do ex-agente russo Alexander Litvinenko – envenenado com polônio na Inglaterra.
Os grupos mafiosos da Rússia e das ex-repúblicas soviéticas não param de se espalhar pelo mundo – principalmente na Europa, nos EUA, em Israel, no Canadá e na Austrália.
Ninguém sabe ao certo qual é a dimensão atual do crime organizado russo. As estimativas variam de apenas 25 a mais de 5 mil grupos, até porque não existe na lei russa (assim como em outros vários países) uma definição para crime organizado. “Creio que algo entre 40 e 50 grupos seria a aproximação mais correta para a Rússia”, diz James Finckenauer, professor da Escola de Justiça Criminal da Rutgers University, nos EUA. Segundo o especialista em crime organizado, esses grupos controlam pelo menos 40% da economia do país.
Não há estatísticas seguras para o tamanho das organizações mafiosas nas outras ex-repúblicas soviéticas. Mas o certo é que esses grupos não param de se expandir tanto na ex-URSS quanto no resto do mundo, principalmente na Europa, nos EUA, em Israel, no Canadá e na Austrália. Relatórios da Interpol indicam que organizações criminosas como a Poldolskaya e a Tambovskaya, entre outras, já operam no México, com prostituição, drogas e roubo de carros. Segundo a agência privada de inteligência Stratfor, há indícios de que os mafiosos russos também estejam ligados à Cosa Nostra, à Camorra, aos traficantes da Colômbia, à Yakuza e às Tríades chinesas.

O o crime na ex-URSS

As máfias das antigas repúblicas soviéticas fazem de tudo um pouco: do contrabando de armas ao tráfico de mulheres
BÁLTICO
As máfias da Estônia, Letônia e Lituânia são cada vez mais atuantes na Europa ocidental. Elas financiam partidos políticos, controlam a produção de bebidas e extorquem empresas. Ao entrar para a União Européia, em 2004, esses 3 países serviram como um cavalo-de-tróia do crime organizado. Ficou mais fácil, por exemplo, mandar imigrantes ilegais para os países escandinavos.

CÁUCA
As máfias caucasianas são cada vez mais influenciadas pelo radicalismo islâmico. Laços étnicos e nacionais imperam em boa parte das gangues na Geórgia, Armênia, Azerbaidjão e Chechênia. Em geral, elas estão envolvidas em tráfico de drogas e armas, seqüestros e lavagem de dinheiro. A mais famosa é a chechena Obshina, cujos lucros financiam grupos separatistas e terroristas.

BIELO-RÚSSIA
Uma especialidade das máfias bielo-russas é o tráfico de mulheres no sistema “carrossel”: elas são enviadas para bordéis de um determinado país, passam um tempo lá e depois seguem para outro lugar – garantindo, assim, uma oferta permanente de novos “produtos”. Os mafiosos da Bielo-Rússia também faturam alto com fraudes bancárias, empresas fictícias e contrabando de armas.

UCRÂNIA
Fronteiras porosas e localização estratégica, entre Ásia e Europa, fizeram da Ucrânia o paraíso do crime organizado. As máfias controlam a exploração de recursos naturais, bancos, empreiteiras, comércio de armas e tráfico de drogas. Estima-se que 60% da economia do país não sejam declarados – e que boa parte desse mercado informal esteja nas mãos de organizações mafiosas.

ÁSIA CENTRAL
O crime organizado na Ásia Central faz o elo entre o tráfico de drogas e o terrorismo. A guerra do Afeganistão ajudou a consolidar o mercado para a narcomáfia daquela região, formada por grupos principalmente do Tadjiquistão, Cazaquistão e Uzbequistão. Com o dinheiro gerado pela venda do ópio afegão, eles compram armamentos e selam negócios com a Al-Qaeda e o Talibã.


RÚSSIA
Altamente sofisticadas, as máfias russas faturam principalmente com tráfico de armas e drogas, lavagem de dinheiro, roubo de carros, seqüestro e prostituição. Outra fonte de receita são as taxas de proteção cobradas de cerca de 70% das empresas russas. O alcance da organização é global e seus membros são variados: de cientistas e ladrões da era soviética a ex-integrantes do Exército e da KGB.

40% DA ECONOMIA
Russa são controlados por organizações criminosas de ex-repúblicas soviéticas.*
70% DAS EMPRESAS
Da Rússia são obrigadas a pagar taxas de proteção para grupos mafiosos.*
6 MIL INTEGRANTES
Da máfia ucraniana estão concentrados apenas na cidade portuária de Odessa.*
3 MIL DÓLARES
É o valor que um imigrante ilegal paga à máfia lituana para ingressar na Europa.*
* Fonte: Centro sobre Terrorismo, Crime transnacional e Corrupção (Traccc).
Você talvez nunca tenha ouvido falar de Ekaterimburgo. Encravada nos montes Urais, entre a Europa e a Ásia, essa cidade é o maior pólo industrial da Rússia, com 1,5 milhão de habitantes. Foi lá que o ex-presidente russo Boris Yeltsin nasceu e que os bolcheviques fuzilaram o czar Nicolau II, em 1918, após a revolução comunista. Hoje, ela é mais conhecida por uma onda desenfreada de assassinatos, que lhe valeu o título de “capital do crime” na Rússia.
O principal foco da violência é a companhia Uralmash, um gigante da indústria pesada que tem sido parcialmente controlado por mafiosos – tanto que o maior grupo criminoso da cidade também se chama Uralmash. Na década de 1990, esse pessoal realizava fraudes e contrabando de metais, além de negócios que englobavam times de futebol, restaurantes, lojas de carros e hotéis.
“Hoje, a rede Uralmash representa um novo tipo de organização que domina o crime organizado na Rússia. Ela geralmente ignora o velho código dos vory v zakone, mas emprega disciplina e subordinação a sua liderança. Em vez de procurar os vory ou outros bandidos profissionais como membros, ela recruta antigos atletas e policiais”, explica James Finckenauer. O cemitério da cidade já ficou famoso por abrigar corpos de mafiosos e suas vítimas. Uma delas é Oleg Belonenko, ex-diretor da Uralmash, que morreu com um tiro na cabeça no caminho para o trabalho.

Texto Eduardo Szklarz

Vory v Zakone - Máfia Russa


Em meio à incerteza política e econômica que se passou na União Soviética em seus anos finais, o crime organizado, que até então era limitado a prisioneiros e às forças policiais, se expandiu e se desenvolveu, mais formalmente no ano de 1988, quando o governo realizava políticas de aberturas em várias esferas, principalmente na econômica, com as privatizações de diversos setores estratégicos para a economia da nação. Em 1993, o governo fez uma distribuição de cheques no valor de mil rublos para que a população em geral comprasse ações de companhias estatais, com o objetivo de incentivar a iniciativa privada. Contudo, os cidadãos comuns e pouco acostumados com o sistema capitalista, não sabiam onde e como aplicar os cheques, e em meio à ânsia de obter qualquer valor monetário que fosse para se livrar da pobreza, os vendiam para compradores a um preço muito menor do que os das ações. Isso resultou na falência do plano de cheques e na consequente compra de ações por parte de uma camada privilegiada da população, enquanto a grande maioria do povo empobrecia. Estes indivíduos privilegiados ficaram conhecidos como oligarcas russos.


A máfia russa ficou conhecida pelas operações e transações obscuras, pelo seu forte poder bélico e por sua facilidade em driblar os sistemas de leis do país. Inclusive, os chefes da Máfia costumavam, em seu ápice, nos anos 1990, ter assombrosa influência na legislação do país, contestando as leis que fossem contra seus negócios, fazendo jus ao apelido de "Vory v Zakone" — Bandidos dentro da Lei. A corrupção gerada pelas organizações era tanta que os criminosos chegavam até mesmo a manipular e empregar o próprio presidente russo, Boris Ieltsin, para obter benefícios, em troca de favores e apoio ao cargo. As organizações criminosas russas tinham tanto poder no país neste tempo que não era raro encontrar pessoas comuns e de baixa renda que realizassem serviços para elas. Com a chegada do presidente Vladimir Putin, em 2000, e sua consolidação no cargo, a máfia russa viveu uma crise sem precedentes, já que esse presidente, que contava com o cego apoio dos criminosos, sem nenhum tipo de advertência, tornou possíveis diversas estatizações de setores que estavam nas mãos da máfia russa, e ainda manteve, em tornou de si mesmo, uma força que reprimia até mesmo o poder judiciário, conseguindo assim conter a poderosa máfia russa, às vezes pelos meios que a própria utilizava. Com a acusação e eliminação de diversos oligarcas e agentes corruptos da polícia, principalmente judeus, a máfia russa perdeu muitos de seus contatos internos, como Roman Abramovich, Boris Berezovsky, Alexander Litvinenko, Mikhail Khodorkovski, Mikhail Prokhorov, entre outros, assim transferindo seu centro de atividades para o estrangeiro, agindo principalmente na Grã-Bretanha.
Com as falências, compelidas ou não, de muitas de suas associações na Federação Russa, as principais lideranças da máfia russa migraram para outros grupos de atividades similares, enquanto as ditas associações migraram para atividades lícitas ou para a própria prisão. Devido a esse "fenômeno", o ano de 2007 é considerado, inclusive por antigos membros, como o ano da ruína da Máfia Russa. Há, porém, muitos que crêem que, apesar da quebra da máfia judaica, a Rússia ainda é assombrada por organizações mafiosas, originárias, ironicamente, do combate aos antigos grupos, devido ao poder que se conquistou durante aquele período. Para estes, esta máfia é dirigida pelo mais importante político russo da atualidade, Vladimir Putin.
Nascidos nos campos de prisioneiros de Stalin, os Vory se transformaram nos barões do crime, assumindo o status de elite do submundo na Rússia. Possuem um rigoroso código de honra e lealdade, e até um dialeto próprio, características que se refletem em suas tatuagens. Eles estão envolvidos em todo tipo de prática criminosa, desde pequenos roubos, prostituição, trafico de drogas e de armas, ate esquemas de lavagens de bilhões de dólares.
Os simbolismos desta facção são tão complexos e secretos quanto ela mesma. Saber identificar suas tatuagens pode trazer detalhes precisos sobre a vida do tatuado. Assim como as imagens dos ortodoxos russos representam os trabalhos piedosos dos santos, as tatuagens dos Vory detalham suas façanhas criminais. E é essa riqueza de informação que torna esta prática característica da máfia Russa.
Através das suas tatuagens é possível saber aonde o mafioso as fez, qual presídio que esteve condenado, o número de condenações a que respondeu processo, se é órfão, se atua no campo ou na cidade, se é descendente de membros da máfia, quais tipos de crimes praticados, se é viciado em drogas, se passou por centros de reabilitação juvenil, se é antissemita e se é fugitivo, dentre outros aspectos possíveis de serem deduzidos a partir da análise das suas gravações corporais.
Outra característica interessante das tatuagens de cadeia é a técnica desenvolvida para gravação de corpos. Máquinas de tatuar feitas com motor de barbeador, agulhas com cordas de violão, fabricação da tinta a partir da raspa da borracha da bota dos detentos misturada à própria urina do tatuado, ou até cinzas de cigarro com saliva, e suas demais variações de acordo com os materiais disponíveis para no cárcere. Essa técnica improvisada confere aos desenhos uma estética particular, um aspecto rudimentar característico do seu modo de produção. Traços grossos pela falta de precisão dos instrumentos, falhas, distorções, borrados provocados pelo movimento do pigmento no tecido subcutâneo, interrupções na plasticidade da imagem provocadas por inflamações, uma cicatrização inadequada conseqüência da falta de higiene e até mesmo os desenhos primitivos e sem estudos elaborados são elementos estéticos marcantes deste tipo incisão no corpo.


Mosteiros, igreja e catedrais são como metáforas para presídios,as vezes aparecendo junto asinscrições como “A Igreja é a casa de Deus”, subtendendo-se “a Cadeia é a casa do Ladrão”. O numero de torres indicam os anos de condenação ou o numero de vezes que foi preso.

Esta tatuagem indica alto cargo na hierarquia da Máfia, como capitão, major etc. já o crânio geralmente designa assassinos.

Os Vory v Zakone não costumam tatuar o rosto, porém a complexidade e a riqueza de seu código chamam a atenção. Sendo uma organização hierárquica, as tatuagens têm o papel de classificar essa escala social dentro da facção, podendo até ser removida com processos químicos caso um membro perca um determinado cargo. O uso destas tatuagens pode ser voluntário ou forçado, como forma de punição do indivíduo dentro da sociedade criminosa. E aqueles que possuem tatuagens com os símbolos russos sem o devido merecimento pode ser punido com a morte.
Fonte: http://taiom.blogspot.com.br/2010/09/vor-v-zakone-mafia-russa.html

Assassinato de mafioso encerra uma era

Com o assassinato do chefe do submundo russo, Aslan Usoian (também conhecido como Ded Khasan), a disciplina da velha guarda do vory v zakone morre junto e deixa futuro incerto para o crime organizado no país.
Ilustração: Niyaz Karim

A única bala 9 milímetros que acabou com a vida do notório mafioso Aslan Usoian também deu fim a uma era. Embora ainda existam bandidos que se autodenominam vory v zakone, (“ladrões dentro do código”, em português) essa irmandade do submundo russo que remonta à época soviética está quase extinta.
O rígido código de conduta, a autodisciplina quase monástica e a disposição de ir para a prisão em vez de trair uma promessa, tudo isso faz parte do passado mitológico da máfia russa. O futuro, por sua vez, pertence a uma espécie muito diferente de criminosos.
Usoian, proveniente de uma minoria étnica curda da Geórgia, ficou bastante conhecido pelo codinome Ded Khasan (“Vovô Khassan”, em português) e era praticamente a última figura sênior do submundo ainda viva. Ele foi admitido no vory v zakone dentro de um presídio em 1985, e desde então construiu uma rede multiétnica de criminosos que se estendeu por grande parte do país.
Aos 75 anos, ele já havia há muito tempo desistido de se envolver diretamente em atividades criminosas. Em vez disso, desempenhava o papel de veterano: identificando oportunidades, resolvendo conflitos, aceitando homenagens e, quando necessário, afirmando sua autoridade perante seus subordinados e até em relação a forasteiros.
No decorrer de sua trajetória nem é preciso dizer que fez inimigos de peso como o gângster georgiano Tariel Oniani (“Taro”), que está na prisão, mas não é menos influente por causa disso, e o talentoso Azeri Rovshan Janiev.
Fim do código
O submundo da Rússia não é mais do tipo em que acordos celebrados com um aperto de mão são sagrados, no qual padrinhos podem exibir seu status (Usoian era frequentemente paparicado em restaurantes de Moscou) ou que ser um gângster é o bastante. Tanto Oniani como Janiev são tecnicamente vory, mas como a maioria que ainda reclama o título, eles não seguem o código e não seriam reconhecidos como vory pelos tradicionalistas da época soviética.
Os chefes do crime da nova geração, pertencentes à chamada avtoriteti (“autoridades”, em português) são uma espécie mais refinada e cínica. As tatuagens elaboradas e os apelidos  animados não são mais características típicas do grupo. Trata-se de empresários criminosos que combinam e mascaram seus negócios no submundo com iniciativas legítimas e que constroem alianças com as elites políticas em nível local e nacional.
Ao contrário de Usoian, que basicamente limitava as suas operações à Rússia (com alguns ligações na Ucrânia e na Geórgia), suas ambições são internacionais. Eles também são predominantemente de origem russa em vez de georgianos, tchetchenos e outros do sul, que ainda se apegam a tradições mais antigas e machistas.
Gângsteres domados
Mas a morte de Usoian possivelmente põe fim também a outra era: mais de uma década de paz no submundo. A Rússia se viu partida por conflitos violentos durante a década de 1990. Gangues lutavam para ocupar o espaço vazio deixado pela queda do Estado soviético e abocanhar território e recursos, enquanto o governo não dispunha dos recursos e da vontade de lutar de volta.
Mesmo antes de Pútin assumir a presidência em 2000, os conflitos estavam começando a ser resolvidos. No entanto, ele também acelerou este processo, tanto pelo aumento dos fundos para a polícia como também deixando claro que não iria tolerar o banditismo aberto nas ruas.
O crime organizado não foi de forma alguma derrotado, mas, pelo menos, domado. Foi adaptado à nova ordem e embora tenha continuado a recorrer à violência para acertar as contas e punir adversários com alguma frequência, essas ações foram realizadas de forma muito mais precisa.
Heroína afegã
No entanto, essa nova ordem pode estar próxima de uma ruptura. Uma nova geração de gângsteres querem sua fatia do bolo. Quadrilhas antes poderosas ficaram empobrecidas em meio à crise financeira de 2008. Paralelamente, outros grupos se tornaram subitamente ricos, porque estão se beneficiando com a crescente quantidade de heroína afegã que chega à Rússia, atravessando todo o país. É a chamada “Rota do Norte” para a Europa e China. Os alicerces do antigo status quo parecem estar ruindo.
O sucessores de Usoian irão quase inevitavelmente contra-atacar quem quer que eles acreditem ser responsável por seu assassinato. Sua rede pode estilhaçar ao longo das linhas de facções ou étnicas ou enfrentar uma luta interna pela sucessão. Ele queria que seu sobrinho “Miron” assumisse seu lugar, mas há muitos que se perguntam se ele está à altura do cargo. 
Dada à natureza precária do atual equilíbrio de poder no submundo, qualquer um desses acontecimentos poderia proporcionar a faísca necessária para estimular uma nova rodada de guerras sangrentas da máfia. Mesmo se isso não acontecer, porém, é provável que haverá uma reorganização no mundo do crime uma vez que o “avtoriteti” completar seu ciclo de origem a dominação. De uma forma ou outra, a era de Usoian e do vory zakone chegou ao fim.

Mark Galeotti é professor de Assuntos Internacionais na Universidade de Nova York. Seu blog “Nas sombras de Moscou” pode ser lido aqui




quarta-feira, 17 de agosto de 2016

A GERAÇÃO “ZUMBI”


"Eu temo o dia em que a tecnologia vai ultrapassar a interatividade humana. O mundo terá uma geração de idiotas" (Albert Einstein)”


            Com essa celebre frase do grande físico alemão Abert Einstein que inicio essa minha reflexão, o dia profetizado pelo mesmo chegou, não falo “zumbi” iguais aqueles do seriado americano The Walking Dead”, mas zumbis tecnológicos, pessoas que não conseguem se desconectar do mundo virtual para nada, com a “explosão” das tecnologias especialmente smartphones, tabllets, ultrabooks e etc...que dão a facilidade de usa-los em qualquer lugar e conectar-se ao mundo virtual, além do nascimento de redes sociais e jogos que desafiam o ser humano e o conecta com um mundo “na palma de sua mão”.
            Algumas semanas atrás dia 03/08/2016 (por conta das olimpíadas) pra ser mais preciso, foi lançado no Brasil um game por nome de “POKÉMON GO” um jogo de realidade aumentada que virou febre entre uma boa parte dos brasileiros, ultrapassando os números de usuários ativos diários em dispositivos Android, de monstros das redes sociais e canais de TVs online, tais quais Twitter, Facebook e Netflix. Os usuários não se perguntam é se esse aplicativo que requer o uso agressivo de informações de seus usuários é seguro? Ou qual o real objetivo?
            O fato é que o Pokémon Go, da Niantic Labs, é gerenciado por John Hanke o homem responsável pela equipe que dirigiu, literalmente, o maior escândalo de privacidade na Internet, em que os carros do Google, no percurso realizado para fotografar ruas para o recurso “Street View” dos mapas online da empresa, copiou secretamente os tráficos de internet de redes domésticas, coletando senhas, mensagens de e-mail, prontuários médicos, informações financeiras, além de arquivos de áudio e vídeo. Hanke chegou ao Google após deixar sua empresa, Keyhole, extremamente popular (e admissivelmente, muito interessante).  Fundada pela CIA, coletava imagens geográficas, foi adquirida em 2004 e relançada em 2005, com o nome de Google Earth. Em 2007, Hanke já administrava praticamente tudo o que envolvia um mapa no Google. Em 2007, um perfil na Wired, (“Google Maps Is Changing the Way We See the World” – Google está mudando a forma como enxergamos o mundo), Hanke foi elevado ao status de pioneiro (“Liderados por John Hanke, Google Earth e Google Maps estão levando ferramentas de cartografia às massas”) e endeusado, sendo exibido em uma foto com um enorme globo sobre seus ombros, dar pra ficar com uma pulguinha ou um “carrapato atrás da orelha?”.
            


Voltemos ao jogo, o "Pokémon Go" usa dados do Google Maps para espalhar monstrinhos, PokéStops e ginásios pelas ruas da sua cidade. A ideia é que você ande por aí para encontrá-los e capturá-los. E para isso, basta arrastar a pokébola que aparece na parte de baixo da tela na direção do pokémon. Algumas criaturinhas são mais difíceis de pegar. Mas conforme os treinadores jogam, novas pokébolas mais eficazes também ficam disponíveis. Um dos grandes problemas do jogo é que requer muita atenção de seus jogadores, que sem prestar quase atenção nos perigos que permeiam as ruas e o transito das grandes metrópoles, vários incidentes e acidentes foram registrados em vários países do mundo e até mesmo no Brasil que em poucas semanas já registraram um grande numero principalmente de roubo a celulares de jogadores distraídos. Além do mais vale a reflexão de onde essa geração que se afasta do mundo real e busca satisfação no mundo virtual onde fingem ser ou realizar prazeres temporários que ao seu termino deixam-nos mais vazio do que antes, chegamos ao tempo em que Albert Ainstein tanto temia quando disse: "Eu temo o dia em que a tecnologia vai ultrapassar a interatividade humana. O mundo terá uma geração de idiotas" gosto de pensar que quando o físico pronunciou “idiota” quis dizer no conceito original de idiota, pois a expressão idiótes, em grego, significava aquele que só vive a vida privada, que recusa a política (a vida social), que diz não à política. Em outros termos, os gregos antigos chamavam de idiota a pessoa que achava que a regra da vida é "cada um por si e Deus por todos" é esse o panorama que vemos hoje pessoas, ou melhor, “zumbis” presos em seu mundo virtual, se esquecendo do mundo real e almejado ter o que na prática não busca e provavelmente a frustração virá quando perceber que por causa dessa vida de “zumbi tecnológico” não viveu o presente nem muito menos construiu um futuro onde os alicerces dessem conta de suportar o peso dos seus sonhos.
            Recomendo assim como Dostoievski em seus livros aprendermos a “observar o belo” (a vida em sua totalidade). Devemos viver o hoje e planejar o amanhã, sem nos esquecermos de que a vida real é mais desafiadora e estratégica do que qualquer jogo que o homem possa vir a criar, e que as pessoas são mais instigantes e importantes que qualquer objeto, por isso procure valorizar o tempo com as pessoas que te cercam, pois irremediavelmente somos todos perecíveis e com prazo de validade estipulado pelo acaso.

 

Por: Josias Andrade
Licenciando em história e cofundador do Movimento Cultural Panelense

Getúlio Dornelles Vargas

Getúlio Dornelles Vargas nasceu no dia 19 de abril de 1882, em São Borja, no Rio Grande do Sul. Alterou o ano de seu nascimento para 1883 por razões desconhecidas. O fato foi descoberto somente no ano do centenário de seu nascimento, quando a igreja onde havia sido registrado divulgou sua certidão verdadeira. A falsificação descoberta por estudiosos constava do atestado militar apresentado por ele à Faculdade de Direito de Porto Alegre.
Ingressou na política em 1909, como deputado estadual pelo PRP (Partido Republicano Rio-Grandense). De 1922 a 1926, cumpriu o mandato de deputado federal. Ministro da Fazenda do governo Washington Luís, deixou o cargo em 1928, quando foi eleito para governar seu Estado. Foi o comandante da Revolução de 1930, que derrubou o então presidente Washington Luís.
Na área trabalhista, criou a Justiça do Trabalho (1930), o Ministério da Justiça e o salário mínimo (1940), a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) (1943), a carteira profissional, a semana de 48 horas de trabalho e as férias remuneradas. Na área estatal, criou a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Vale do Rio Doce (1942), a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945) e entidades como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -1938). Foi derrubado pelos militares em 1945.Ocupou a presidência nos 15 anos seguintes e adotou uma política nacionalista. Em 1934, promulgou uma nova Constituição. Em 1937, fechou o Congresso, prescreveu todos os partidos, outorgou uma Constituição, instalou o Estado Novo e governou com poderes ditatoriais. Nesse período, adotou forte centralização política e atuação do Estado.
Voltou à presidência na eleição de 1950, eleito pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), que ajudou a fundar. No último mandato, criou a Petrobrás. O envolvimento do chefe de sua guarda pessoal no atentado contra o jornalista Carlos Lacerda levou as Forças Armadas a exigir sua renúncia no último ano do mandato.
Suicidou-se em meio à crise política, com um tiro no peito, na madrugada de 24 de agosto de 1954, dentro do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, deixando uma carta-testamento em que apontava os inimigos da nação como responsáveis por seu suicídio.

FONTE:http://educacao.uol.com.br/biografias/getulio-dornelles-vargas.jhtm