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sábado, 18 de fevereiro de 2017

COSA NOSTRA: Maior Máfia Italiana

  
A história da Cosa Nostra pode ser dividida em quatro fases. A primeira, inicia-se quando o rei de Nápoles editou um Decreto, em 1812, para eliminar as “forças populares”, que haviam surgido no Sul da Itália, mas, principalmente, para diminuir o poder que surgia na Sicília. Os Senhores Feudais, para resistir a tal decreto, contrataram indivíduos, chamados de “homens de honra”, criando assim uma espécie de sociedade secreta que se denominaram “Máfia”. Essa fase não é ainda um período mafioso, propriamente dito, mas um período pré-mafioso.
A segunda fase inicia-se com o desaparecimento do Reino de Nápoles, quando essas sociedades secretas passaram a lutar contra as dinastias espanholas e francesas, que sucederam ao trono de Nápoles. A Máfia deixou de ser uma sociedade secreta e se tornou uma sociedade de resistência aos invasores. O povo simpatizou com a Máfia por ser patriótica.
Passou a contar com mais de 100 mil camponeses que se insurgem contra Roma, surgindo a cultura do estresse entre as famílias, gerando hostilidade nas relações adversas que surgiam fazendo com que a defesa da honra significava sobrevivência.
A única base de lealdade era a sanguínea e criou-se a cultura da obediência às regras próprias, quais sejam, a não cooperação com as autoridades e a retaliação a qualquer ofensa a um membro da família.
Essa fase foi de uma “máfia agrária” cuja principal luta foi contra os proprietários de terras que se concluiu somente com a derrota dos movimentos camponeses e com o forte fluxo migratório, quando a agricultura cedeu espaço ao setor produtivo.
Com a miséria que abate a região sul da Itália, no final do século XIX e início do século XX, os mafiosos viajam pela Itália em busca de melhores condições de vida. Mais pobres e rejeitados, se organizam em uma sociedade de autodefesa e criminalizam-se. Para o povo, a máfia era um grupo de camponeses violentos, de “sangue quente” que comumente faziam desafios com final de homicídios. Acontece que, desde 1890, a máfia já era uma sociedade organizada e dotada de poder político com ações internacionais, fraudes e com manobras financeiras.

O aumento da renda permitiu o fortalecimento da sede na Sicília e a diversificação das atividades ilegais realizadas pela máfia.
A terceira fase surge com a instalação de parte da sociedade nos Estados Unidos da América, formando as famílias italianas da América. As famílias eram compostas de parentes, incluindo os norte-americanos e suplementadas por pessoas conhecidas por amigos, que eram indicadas por parentes.
Essa fase é urbano-empreendedora, até o final da década de 1960, em que os mafiosos proliferam-se e se inserem especialmente no setor da construção civil.
A quarta e última fase tem seu início na década de 1970 quando se observa a transformação da “máfia-empreendedora” em “máfia-financeira”. Em um primeiro momento, a Cosa Nostra possuía como grande negócio o contrabando de cigarros e a corrupção em obras públicas. Posteriormente, o principal negócio se tornou o tráfico de entorpecentes.
Os mafiosos, entre os anos de 1940 e 1990, passaram a controlar as eleições na Sicília, adquirindo, assim, certo poder junto à Roma.
A Cosa Nostra se tornou a maior e mais poderosa Máfia, com aproximadamente 180 clãs.
Dois meses depois de Falcone, à esquerda, ter sido assassinado,
 outro juiz anti-máfia, Paolo Borsellino, foi morto num atentado
Através do trabalho sério de autoridades, especialmente do Juiz Giovanni Falcone e do Procurador Paolo Borsellino, ambos assassinados, posteriormente, por membros da máfia, foi descoberta a estrutura mafiosa, que é a seguinte:
A família é a base da organização e controla um bairro ou uma cidade inteira, sendo constituída de homens de honra, “soldados”, agrupados em número de dez. Cada grupo é coordenado por um “capodecina”. Os membros da família elegem o Capo-Família que é assistido por um “Consigliere”, ou seja, assessor. Este é, normalmente, uma pessoa de notável esperteza, sagacidade e é auxiliado por vicecapi (subchefes).
A união de três ou mais famílias, cujas áreas de atuação sejam contíguas, constitui um “mandamento” e nomeiam um “capomandamento”, normalmente um Capo-Família, mas pode ser uma pessoa diferente.
Os capomandamenti constituem uma estrutura colegiada, chamada de “Copola”, que possui a função de garantir as regras da Máfia e de “compor as vertentes da Família” (MENDRONI, 2009, p. 295). A “Copola” é presidida por um dos capimandamento que é chamado de Secretário ou Capo.
Existe, ainda, um colegiado superior, chamado interprovinciale, mas que pouco se sabe acerca do mesmo, mantendo um caráter secreto e misterioso.
Uma das características mais marcantes da Cosa Nostra é que ela se assemelha a um Estado, uma vez que exerce domínio territorial e “taxa” as suas atividades de “proteção”. Aqueles que pagam à Máfia recebem proteção. Os que não pagam, são intimidados e agredidos pelos membros da Cosa Nostra.
Além disso, a ingerência no Estado também é muito marcante, através de subornos e corrupção da máquina estatal.
“A Cosa Nostra, segundo um levantamento da Direzione Centrale della Polizia Criminale de 1995, contava com 5.487 integrantes na Sicília, sendo maior a quantidade no eixo Palermo – Catânia. Palermo teria 59 grupos com 1.492 afiliados e Catânia nove grupos com 1.476 afiliados; sendo os demais distribuídos entre Trapani, Messina, Agrigento e Siracusa” (DI CAGNO apud MENDRONI, 2009, p. 303).
Juiz Giovanni Falcone

Fonte: Rafael de Rezende Lara

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